Nos últimos anos, a temática da sustentabilidade ambiental ganhou um novo impulso com suas perspectivas estratégicas de desenvolvimento global. A Agenda 2030, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o Acordo de Paris são exemplos da adoção de processos mais inclusivos, socialmente justos e sustentáveis.
No nível empresarial, essa temática também vem ganhando impulso, pois as organizações estão cada vez mais engajadas em gerar valor sustentável, inserindo a sustentabilidade ambiental em suas estratégias e promovendo menores impactos ambientais ao desempenharem suas atividades no dia a dia.
Acontece que esse tema é bastante complexo e extrapola o mundo empresarial. Muitos gestores sentem dificuldade em planejar e inserir a sustentabilidade ambiental nas atividades executadas na empresa, em parte pela falta de habilidade para interagir com questões socioambientais e até mesmo ausência de formação em ciências naturais. Sob esse aspecto, surge a economia circular para concretizar a sustentabilidade ambiental no nível organizacional.
Nossa economia é baseada em um modelo tradicional, no qual os recursos passam pelo processo de extração, produção, utilização e descarte, em um sistema linear e finito. Já a economia circular baseia-se em um sistema regenerativo, em que mantemos os recursos em uso enquanto possível, extraindo deles o valor máximo, recuperando e regenerando os produtos e materiais no fim de cada ciclo de vida. A norma aqui é o reuso infinito de recursos sem prejuízo ao crescimento econômico.
As organizações que desejam adotar os princípios da economia circular podem, inicialmente, reestruturar seu modelo de negócio, promovendo a circulação e compartilhamento de seus produtos. Isso inclui modelos de serviço que substituem a propriedade (pay-per-use, leasing, aluguel etc.), produtos desenhados para durar mais tempo, de forma que materiais e produtos possam ser utilizados sucessivas vezes (por exemplo, serviços de manutenção e opções de upgrade), e sistemas de troca e virtualização, nos quais os produtos são desmaterializados e oferecidos virtualmente como serviços.
Também podemos pensar na criação de fluxos circulares, que incluem as operações de reparo, reutilização, reforma, remanufatura e reciclagem de produtos, partes deles ou materiais. Os produtos pós-consumo, subprodutos e resíduos são reintroduzidos nos sistemas de produção como insumos, por meio dessas operações, garantindo que o valor dos materiais e da energia permaneça circulando nas cadeias de suprimentos.
A transição de uma economia linear para uma economia circular requer novos padrões de consumo e produção sustentável. Os gestores empresariais devem adotar novas estratégias para implementar a economia circular no nível organizacional, por meio de ações como o uso de matérias-primas renováveis no processo produtivo, extensão do ciclo de vida dos produtos, redução, reutilização e reciclagem de recursos. Vale destacar que o uso de novos produtos e serviços digitais baseados na internet, além de tecnologias disruptivas que substituem tecnologias antigas, merecem especial atenção dos gestores.
Essas ações precisam ser percebidas na prática cotidiana das organizações, para que o progresso alcançado na sociedade moderna, via desenvolvimento de produtos e serviços, caminhe com o uso inteligente dos recursos naturais.

  • Prof. Me. Alexandre Rodrigues Cajuela (Doutorando em Administração das Organizações FEA-RP/USP Docente da Fatec Jales – www.fatecjales.edu.br)

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