• Laila Ramires

Desde sempre eu gostei muito de animais de quase todos os tipos. Se pudesse, teria um zoológico em casa ou iria a um semanalmente. Mas o animal com o qual mais me identifico é o felino, sejam os grandes ou pequenos. Mesmo se eu fosse ter outro tipo de animal doméstico, sua personalidade seria felina.
Mas não sei quando isso começou. Só sei que desde que tive o primeiro gato de que me lembro, essa identificação começou. Talvez sejam personalidades parecidas? É claro que cada animal, felino ou não, tem sua própria personalidade, mas algumas coisas nelas nunca ou raramente mudam. Por causa disso, com o tempo, descobri que não ter um gato por perto me deixa deprimida, e não é simplesmente porque me acostumei à presença dos meus.
E como uma pessoa que gosta muito de gatos, algumas vezes já pensei em comprar, por causa das raças diferentes, mas não tenho coragem, porque não sei até que ponto isso é correto e principalmente porque não quero um bichinho perfeito. Eu acho que o que os outros consideram diferente ou ruim é só questão de ponto de vista, e pra mim isso só mostra como eles são naturais. Nada contra os que são “perfeitos,” é só que eu sou indiferente quando se trata de suas diferenças serem visíveis ou não.
O gato não late, além de ser menor que um cachorro e muito mais tranquilo e carinhoso. O silêncio e o seu jeito manhoso é um indicador importante de que o gato pode ser uma excelente terapia para os autistas. Só que é complicado você pegar um gato e simplesmente levar para casa e dar como presente para seu filho. Você sabe se ele vai gostar? Qual vai ser sua reação? Você sabe se ele prefere um filhote ou um gato adulto?
Assim, em primeiro lugar você deve consultar seu filho para ver se ele quer um gato. O segundo passo é deixá-lo conviver com um bichano que ele possa escolher. Se estiver em um local de adoção de animais a tarefa se torna mais fácil pelas opções oferecidas e pela empatia entre os dois.
Não sou eu que digo isso, mas a pesquisadora Gretchen Carlisle, do Centro de Pesquisa para Interação Humano-Animal da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade do Missouri, uma universidade pública localizada em Columbia, nos Estados Unidos, fundada em 1839. Seu estudo longitudinal incluiu colocar gatos de abrigo junto a famílias com filhos autistas.
A conclusão foi que as crianças melhoraram suas habilidades sociais e comportamento. Os pais disseram que seus filhos passaram a ter mais empatia e menos problemas, como ansiedade de separação.
A equipe de Gretchen realizou a pesquisa em 18 semanas, incluindo 11 famílias divididas em um grupo que adotou um gato e outro não. Foram selecionados gatos por se moverem de forma silenciosa e calma e porque existem poucas pesquisas destes animais com crianças autistas.
As famílias foram levadas ao abrigo para escolher qual gato seria mais adequado para cada caso, sendo que os bichanos também foram selecionados para serem apresentados. Foi fornecido um kit para gato para cada família que também recebeu informações sobre o seu comportamento e acesso a um veterinário.
A equipe monitorou o comportamento das crianças nessas 18 semanas, levando em conta suas habilidades sociais e nível de estresse, sendo que o estresse dos gatos também foi acompanhado.
A pesquisadora destacou que um modo fácil de medir o estresse nos gatos é avaliando sua perda de peso pela falta de alimentação e que nesses casos aconteceu o contrário, pois todos passaram a pesar mais. Pesquisas anteriores, segundo ela, verificaram que gatos mais jovens interagem melhor com os autistas. Assim, eu sugiro procurar um gato mais novo, com um comportamento calmo e social, para ajudar seu filho a ser mais afetuoso e feliz.

  • Laila Ramires (Blogueira e pesquisadora)
Esta é a Wynnie, uma das minhas gatas
Laila Ramires

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