O filósofo espanhol Manuel Castells, em sua obra “Sociedade em Rede”, destaca os avanços tecnológicos e suas conseguintes interações cada vez mais presentes no cotidiano populacional, os quais, dentre esses progressos digitais, evidencia-se a ascensão da educação tecnológica a distância, importante ferramenta para democratização do aprendizado. No entanto, apesar do ensino a distância (EAD) ser um potente instrumento de educação social, há adversidades a serem enfrentadas para seu efetivo aproveitamento, tais como a falta de acesso a estrutura de conexões de minorias sociais, bem como a falta de conhecimento popular sobre o funcionamento desse sistema.
É importante pontuar, de início, que o Artigo 6º da Constituição Federal de 1988 assegura o dever do Estado em promover o incentivo à tecnologia e à sua devida expansão por todo território nacional. Porém, fora dos ideais burocráticos, a realidade é hostil e diferente, ou seja, persiste-se a negligência governamental em promover a democratização das tecnologias de conexão e de internet, uma vez que essas são indispensáveis para a sustentação do ensino a distância e, logo, para a importante concretização do aprendizado e do desenvolvimento humano. Será que a EDUCAÇÃO, assim como a SAÚDE agonizará mais um ano? Esse tema deverá voltar a pauta das Unidades Escolares e governamentais, visto estarmos envoltos a uma nova onda de variante da covid-19, a Ômicron, conforme declara o CONASS (Conselho Nacional de Secretários da Saúde) “o país está vulnerável com o atraso da população para completar o esquema vacinal contra a Covid-19”.
Grande parte da população escolar sofre com o problema da falta de estruturas de comunicação e, portanto, com pouca oportunidade de aprendizado remoto. Posto isso, o filósofo da antiguidade, Aristóteles, já dizia que é de competência estatal promover a consolidação da educação. Seja ela remoto ou presencial, a educação deve ser algo primordial pelo Estado para formação dos cidadãos e do bem-estar comum. Dessa forma, nota-se como a falta de estruturas das minorias*, (grupos marginalizados dentro de uma sociedade devido aos aspectos econômicos, sociais, culturais, físicos ou religiosos), desatendidas pela ineficiência estatal corrobora para os desafios do ensino a distância. Por fim, depois da chegada do COVID-19 essa modalidade se fez necessária e quiçá permanente.

“Fora dos ideais burocráticos, a realidade é hostil e diferente, ou seja, persiste-se a negligência governamental em promover a democratização das tecnologias de conexão e de internet”


Ademais, a falta de informação populacional sobre o funcionamento do EAD também é um desafio para a adesão do ensino remoto, visto que muitos indivíduos desconhecem as funcionalidades da tecnologia devido ao precário contato com esse meio digital, ou ainda, pela complexidade das plataformas de ensino remoto, o que inviabiliza a participação nessa modalidade de educação. Sendo assim, é nítido que novas perspectivas deverão surgir para salvar mais um ano letivo caso tenhamos que nos afastar do ambiente físico novamente. E quais seriam?? Caberá assim as autoridades federais, estaduais e municipais fomentar e estruturar as redes de ensino, a fim de assegurar o mínimo de oportunidade para o ensino EAD que, sem sombra de dúvida, é uma bela ferramenta que veio pra ficar.

  • Jane Maiolo (Gestora de Educação Infantil, professora, formada em Letras e pós-graduada em Psicopedagogia. Psicanalista clínica, pesquisadora dos textos do Evangelho. Articulista de jornais, revista e periódicos. Janemaiolo14@hotmail.com)

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