Com atraso de dois anos em função da pandemia de coronavírus e também de problemas orçamentários, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística iniciou na última segunda-feira, dia 1º de agosto, o Censo 2022.
Se em termos nacionais o resultado do Censo, realizado a cada 10 anos, é sempre muito aguardado, em termos municipais o interesse é ainda maior.
Tudo porque tanto as autoridades quanto os moradores desconfiam que a conta não fecha quando órgãos oficiais insistem em estimar a população de Jales abaixo dos 50 mil habitantes.
O desconforto tem a ver com um argumento que faz o maior sentido. Se a cidade está se expandindo horizontalmente com o surgimento de pelo menos 30 novos bairros, por que o número de habitantes permanece quase o mesmo de 10 anos antes?
Por outro lado, segundo a Gerência Divisional da Sabesp, há 19.789 mil ligações de água em imóveis residenciais em Jales ocupados, cada um, em média, por 2,7 habitantes.
Sem recorrer a outros números e mesmo levando em consideração que, segundo a Sabesp, há 142 imóveis com consumo zero, só por este dado a conclusão que se chega é de que o município de Jales teria, a grosso modo, 53.046,9 habitantes, ou seja, muito mais do que os 47. 229 referidos, por exemplo, na estimativa do Seade.
Perguntaria o leitor: por que tanta discussão sobre o número de moradores da cidade? O que isso tem a ver com o processo de desenvolvimento de nosso conglomerado urbano?
Não se trata de bairrismo idiota ou de complexo de inferioridade em relação às cidades vizinhas que tinham a mesma população de Jales até os anos 70.
Na verdade, o buraco é mais embaixo. Para a administração municipal, por exemplo, a dúvida impacta inclusive em termos orçamentários pois, como se sabe, o repasse do índice do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) depende do número de habitantes de cada cidade.
Se, como insistem as estimativas, Jales tem população pouco abaixo dos 50 mil habitantes, o repasse tem um valor. Se chegar a 50 mil, sobe consideravelmente.
Por esta razão, o resultado do trabalho da equipe de recenseadores selecionados pelo IBGE é aguardado com tanta expectativa tanto pelo andar de cima —leia-se detentores de mandatos eletivos, como prefeito, vice e vereadores — quanto por empresários interessados em medir a temperatura da cidade a partir do crescimento populacional.
Como se sabe, homens de negócios não costumam rasgar dinheiro e dirigem seus investimentos para lugares onde existe a perspectiva de consumo por parte do maior número possível de pessoas.
Ou seja, o Censo 2022 será uma verdadeira prova dos nove para todos.

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