A doença do esquecimento que preocupa médicos e a população em geral necessita de diagnóstico precoce e tratamento para garantir melhores condições de vida ao paciente.
O médico Dr. Valdir Cortezzi, formado pela UFRJ há 50 anos com especialidade em Neurologia e Neurocirurgia, atuou no Hospital Municipal Souza Aguiar e Hospital Estadual Getulio Vargas como neurocirurgião até mudar-se para Jales em 1979, quando ingressou na Santa Casa de Misericórdia de Jales, permanecendo até 2008. Atuou no ARE como neurologista de 1980 até 2004 e como perito federal do INSS de 2005 a 2018. Em entrevista ele explica como são os sintomas e detalha fatos importantes sobre a doença, do diagnóstico ao tratamento.

J.J. – O que é a doença de Alzheimer?
Valdir Cortezzi –
É uma doença neurodegenerativa, que compromete os neurônios (células principais do cérebro) e suas conexões (sinapses) pela formação de duas proteínas anormais que se formam no cérebro (beta amiloide e proteína TAU) ao longo dos anos, em algumas pessoas, e que se manifesta principalmente na velhice, geralmente a partir dos 70 anos. É uma doença evolutiva ao longo dos anos lesionando várias áreas diferentes do cérebro, geralmente iniciando-se pela região chamada hipocampo que está relacionada com a memória. Com a progressão da doença, outras áreas e consequentemente outras funções cerebrais são comprometidas, como a fala (linguagem/comportamento, emoções) capacidade de entender e fazer atividades rotineiras ou habituais do dia a dia do paciente.

J.J. – Quais os sintomas principais e que são sinais de alerta?
Valdir Cortezzi –
O que chama a atenção da família e dos pacientes são os esquecimentos, no início leves e que vão aumentando com o tempo. Este é o sintoma principal e depois com a evolução da doença, outras áreas são comprometidas: o comportamento (começa a ficar agitado, confuso, nervoso, às vezes agressivo) dificuldade na fala, na formação de frases ou dizer o nome de objetos conhecidos, alteração no sono com dificuldade de iniciar ou manter o sono, dificuldade de executar atividades que já fazia por exemplo, tomar banho sozinho, vestir roupa, perde-se as vezes na rua e não saber voltar para casa a pé ou de carro, entre outras. Estas alterações não surgem todas ao mesmo tempo e vão aparecendo ao longo dos meses e anos em que a doença evolui apesar do tratamento.

J.J. – A partir dos primeiros sinais, qual a conduta que a família deve ter?
Valdir Cortezzi –
Procurar um especialista para avaliar e fazer exames complementares. O especialista após consultar o paciente e principalmente ouvir os familiares, deverá solicitar exames complementares que são: Ressonância Magnética Cerebral preferencialmente, avaliação metabólica completa através de exames de sangue e avaliação neuropsicológica completa por neuropsicólogo em que serão avaliadas as funções cognitivas, comportamentais, linguagem, orientação espacial e temporal, entre outros.

J.J. – O que podemos fazer para prevenir ou evitar a doença?
Valdir Cortezzi –
A prevenção da doença de Alzheimer implica nas atitudes de prevenção das doenças cardio e neurovasculares que são principalmente, o controle de doenças já pré existentes como hipertensão arterial, diabetes, alterações das gorduras no sangue (colesterol e triglicérides), combate ao sedentarismo, obesidade, manter sempre atividades cognitivas que estimulam o cérebro principalmente como leitura frequente, ver TV, fazer atividades como pinturas, aprender novas atividades, alimentação saudável e contato social frequente com familiares e amigos.

J.J. – Qual é o tratamento?
Valdir Cortezzi –
Após o diagnóstico provável da doença de Alzheimer, usa-se medicamentos que estimulem áreas do cérebro comprometidas; reabilitação neuropsicológica com psicólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas que incluem atividades cognitivas que estimulem o cérebro e principalmente atividade física e atividade social evitando-se o isolamento. Estes em linhas gerais são os tratamentos recomendados para estes pacientes.

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