Existe muita coisa esquisita neste mundo, mas, cruzar com alguém e não saber se cumprimenta ou não, ganha de todas. É o instante onde os olhares se encontram e as duas partes titubeiam. Ambos evitam levantar os olhos, mas a curiosidade é um bicho sem freio. Logo acabam dando uma conferida e… pronto: lá está o outro tonto igualmente sem saber como reagir. Tentam inutilmente diminuir o tamanho dos passos, mas acabam se topando. Quando, enfim, se encaram frente a frente, algumas coisas podem acontecer:

  • se reconhecem, rolam abraços e beijinhos, culpam a falta dos óculos e vão embora felizes,
  • engolem o engano, disfarçam e seguem suas vidas fingindo nada ter acontecido,
  • fazem aquela reverência sem graça, forçam um sorriso e pedem pro mundo abrir um buraco para se enfiar, ou
  • aproveitam a oportunidade, são simpáticos e começam uma nova amizade.
    Mas a única certeza dessa topada é o constrangimento. O popular climão pesando no ar até o instante final. Não adianta ter um script ensaiado para usar nessas situações. Quando a topada acontece, só os instintos aparecem.
    Não se engane, meu amigo, todos nós temos um esbarrão pronto para acontecer. As mulheres terão esse encontro maldito mais tarde e os homens, essa raça ingrata de pessoas pouco cuidadosas consigo mesmas, seis anos mais cedo. Sendo mais objetivo, elas estarão prontas após os oitenta e nós, após os setenta e três.
    Quem quiser se prevenir não pense em colocar cerveja pra gelar, nem comprar a carne para o churrasco. Não vai dar tempo e a ocasião, geralmente, não é propícia para festa. Sim, estou falando do encontro com “ela”, a mulher da foice, a ceifadora, ou – simplesmente – a morte. Quando ela resolver piscar pra gente, já era.
    Como a maior causa de finamento são as doenças cardiovasculares, quem pretender dar uma esticadinha aqui pelo planeta terra pode conseguir se alterar os chamados fatores de risco modificáveis. Pelo menos foi a conclusão de um estudo feito com 1.518.028 participantes (54.1% eram mulheres). Indice de massa corporal, hipertensão, colesterol ruim, tabagismo e diabetes são as companhias a serem evitadas para se viver mais.
    Existem duas maneiras de ler essas informações: a pessimista, reservada para quem não quer se preocupar e a REALISTA, pois é possível pra mudar a data do encontro. Em 1940, por exemplo, em vez de 73 anos para homens e 80 para mulheres, a expectativa de vida no Brasil era de 31,1 anos a menos para ambos.
    Bora dar uma piscadela?
    Quem quiser mais informações pode conferir o estudo na íntegra no The New England Journal of Medicine, Global Effect of Modifiable Risk Factors on Cardiovascular Disease and Mortality. The Global Cardiovascular Risk Consortium; August 26, 2023.
Como a maior causa de finamento são as doenças cardiovasculares, quem pretender dar uma esticadinha aqui pelo planeta terra pode conseguir se alterar os chamados fatores de risco modificáveis

Dr. Manoel Paz Landim (Cardiologista, Professor da FAMERP de São José do Rio Preto)

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